Existem muitas tribos indígenas que produzem Bancos em Madeira e cada etnia tem seu estilo único que a diferencia das outras, tornando cada produção e cada banco em uma obra ímpar. Sabe-se que atualmente mais de 40 tribos no território brasileiro e na Amazônia produzem bancos; conheça abaixo algumas das tribos das quais a Porangatu tem sorte de possuir peças e com quem buscamos nos relacionar. Esperamos sempre poder expandir nossa rede de contato para poder divulgar cada vez mais essa produção especial e atentar o público ao seu valor cultural.
Região: Amazônia Oriental, PA
População: 182 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Tupi-guarani
Principal padrão de bancos: côncavo ovalado
Os Asurini, autodenominados “Awaeté” – que significa “Gente de Verdade” – são os povos que, desde o século XIX, dominavam a região entre os rio Xingu e Bacajá; hoje conhecidos como Araweté, Arara e Parakanã, recebiam o nome Asurini, ou Asonéri na língua Juruna, significando “vermelho”. Esta denominação foi aceita pela Funai e é utilizada até os dias de hoje. Também são conhecidos como Asurini do Xingu, diferenciando-os dos antigos Asurini do Tocantins.
Seus bancos são de características singulares: formas ovaladas, côncavas ao centro e de bases verticalizadas, sempre com um acabamento minucioso, lixado e polido. São adornados com grafismos étnicos feitos com pigmento natural composto por seivas de árvores e carvão.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 669 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Karib
Principal padrão de bancos: zoomorfo
O nome Kalapalo, inicialmente atribuído ao grupo, tem como referência uma aldeia com esse nome, datada de mais de cem anos atrás, que reuniu diversos grupos e etnias. “Kalapalo” é, então, uma comunidade composta de uma gente cujos ancestrais foram associados a diferentes comunidades. Atualmente, vivem em oito aldeias, sendo a maior Aiha, que significa “algo acabado”. Todas são estabelecidas ás margens do Rio Kuluene.
Destacam-se como excelentes planejadores de seus afazeres e atividades.; são perfeitos em se organizar nas tarefas de coleta de materiais existentes em seu território. Utilizam para fazer seus adornos matérias primas como urucum, cera de abelhas, conchas e fibras de palmeira de buriti e fazem uso de madeiras de diferentes espécies nativas para produzir seus Bancos –ricamente adornados com pigmentos naturais, vermelhos ou negros, com grafismos que representam o grupo e seus respectivos clãs.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 604 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Tupi-guarani
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular
Dentre os relatos míticos, a criação do mundo e a organização social do grupo, os Kamayurá possuem os valores culturais mais insignes, sendo considerados imprescindíveis para sua manutenção do estilo de vida original. Sua cultura é sempre bem representada nos ornamentos e artefatos produzidos e utilizados em seu dia a dia, destacando- se os Bancos em Madeira, cuja matéria prima é extraída de sua própria reserva. Com suas perfeitas formas e acabamento,
os Bancos retratam seres da natureza e até mesmo, os sobrenaturais, sendo sempre enriquecidos com seus grafismos étnicos e padrões inconfundíveis.
Região: Amazônia Oriental, GO, MT, PA, TO
População: 3768 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Karajá
Principal padrão de bancos: zoomorfo, concavilíneo
Habitantes seculares das margens do rio Araguaia, os Karajá tem
este eixo como referência mitológica e social, sendo sua maior concentração na Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo.
Os “Iny” mantêm os mesmos costumes tradicionais de seu grupo
há séculos, como as pescarias familiares, os rituais como a Festa de Aruanã e Hetohoky, com seus enfeites plumários, as cestarias e o artesanato em madeira. Destacam-se os bancos inconfundíveis em seu padrão retangular e formato de canoa, produzidos tipicamente em madeira da planta aderno, e suas bonecas em cerâmica, reconhecidas pela IPHAN, como patrimônio Cultural Imaterial.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 2242 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Tupi-guarani
Principal padrão de bancos: retangular, zoomorfo
Os “Kawaiwete”, com se autodemonimam, são da família linguística tupy- guarany e, conforme sua mitologia, foram criados pelo ser sobrenatural Tuaiararé.
Os bancos de madeira, antigamente confeccionados segundo um tamanho convencional e usado somente pelos homens, passaram por uma mudança significativa. Atualmente, fazem os Bancos são de diversos tamanhos e formas, pintados com suas tintas naturais extraídas da natureza. O conhecimento utilizado nessa produção de bancos foi adquirido pela tribo Yudjá, porém, os Kayabi caracterizam seus bancos com grafismos étnicos e padrões de cores centenários próprios de sua tribo.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 424 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Jê
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular
A tribo indígena Kisêdjê habita o Parque Indígena do Xingu desde meados do século XIX, onde se teve contato com os demais povos xinguanos, inclusive com aqueles da chamada Área Cultural do Alto Xingu. Esse encontro ocasionou a incorporação de várias tecnologias, costumes e a produção de artefatos e utilitários, como os típicos Bancos em Madeira. Tais bancos são produzidos com madeiras de espécies da região, devidamente tratadas e esculpidas por exímios artistas, buscando sempre retratar as riquezas de sua cultura e origem.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 653 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Karib
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular, esteira
Os Kuikuro são, hoje, o povo com a maior população no Alto Xingu. Destacam- se como exímios produtores dos Bancos em madeira, citados por muitos como esculturas utilitárias. Apresentam elementos que se encontram também dentre os aspectos culturais e sociais, como xamanismo, cosmologia e festas rituais, importantes nas seções decorrentes no Parque Indígena do Xingu.
Seus bancos são produzidos com madeiras coletadas na reserva
e retratam, em sua maioria, espécies da fauna, pássaros e aves mitológicas, entalhadas de forma fidedigna, com olhos em
madre-pérola de rio. Os grafismos aplicados aos bancos são
os mesmos vistos nas pinturas corporais, representando clã
e simbologia étnico- cultural.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 286 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Aruak
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular, esteira, cupular
Os Mehinako se consideram e se orgulham de ser uma comunidade humana especial e são hoje uma das tribos mais conhecidas pela produção de bancos de altíssima qualidade. Nessa produção, a união e a sincronia entre o grupo destacam-se; desde o corte da árvore, até sua divisão, onde cada artista irá desenvolver seu trabalho conforme sua inspiração e sua técnica. Dessa maneira, os Mehinako se apoiam fortemente na produção de bancos como uma forma de divulgar sua cultura e representar a fauna ao seu redor, motivo pelo qual a maioria de seus bancos retratam animais típicos da região, como o tamanduá e a onça. Tipicamente, as madeiras usadas nessa produção são: piranheira, amoreira, jatobá, sucupira, louro, cambará, andira e buriti.
Região: Sul da Amazônia, MT
População: 1514 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Rikbaktsa (próprio)
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular, cupular
Os Rikbaktsa vivem na Bacia do Rio Juruena, no nordeste do Mato Grosso, em três terras indígenas contíguas. Sua autodenominação significa “Os Seres Humanos”. Regionalmente, são chamados de Canoeiros, por referência à sua habilidade no uso de canoas, ou, mais raramente, de “Orelhas de Pau”, pelo uso de enormes botoques feitos de caixeta, introduzidos nos lóbulos alargados das orelhas.
Seu idioma é considerado como uma língua não classificada em família, incluída no tronco lingüístico Macro- Jê e, um dos aspectos interessantes da língua Rikbaktsa, é o fato comum, como a de várias outras línguas indígenas, de haver uma diferença entre a fala masculina e a feminina, de modo que a terminação de muitas palavras indica o sexo do falante.
Seus bancos são sempre entalhados em um único bloco de madeira, sustentado por duas bases firmes ou por quatro pézinhos, quando se tratam do típicos bancos zoomorfos que representam tartarugas. São utilitários do dia a dia dentro do grupo podendo também ser considerados um objeto sagrado quando utilizados por um pajé.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
Tronco Lingüístico: Jê/ Idioma Suyá
Principal padrão de bancos: retangular
Quando um Suyá pinta o seu corpo para uma festa em grupo o estilo da pintura é determinado pelo seu nome; todos os membros do grupo com o mesmo nome pintam-se da mesma maneira. Já quando pintam-se para participar de festas comemorativas do Alto Xingu, a pintura é mais individualizada, destacando-se quanto grupo.
Pintura e grafismo também se fazem presentes em sua arte, dando identidade aos Bancos esculpidos em madeira. Utilizando-se de pigmentos naturais extraídos da mata, as pinturas nos bancos retratam seu clã, sua história, sua vida.
Região: Parque Indígena do Xingu, MT
População: 540 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Aruak
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular
Os conhecidos WAURÁ/WAUJÁS, são um dos povos tradicionais que habitam o parque indígena do Xingu e constituem, junto aos Mehinako, Yawalapiti, Paresi e Enawenê-Nawê, o grupo dos Mairupe centrais. Os povos do Xingu falantes da língua Aruak (WAURÁ e Mehinako) são descendentes de populações originárias do sudoeste da bacia amazônica que estabeleceram as primeiras aldeias xinguanas apartir dos anos 800 e 900. Sua aldeia Piyulaga tem o formato circular padrão utilizado por outras etnias xinguanas e com a casa de flautas sagradas ao centro.
Os homens são responsáveis pela coleta da argila para que as mulheres produzam as cerâmicas e também coletam a Taboquinha, fibra vegetal utilizada na fabricadas das cestarias. Dentre todos os artefatos produzidos, a cerâmica milenar dos WAURÁ são a de maior peso em sua economia, porém os bancos de madeira também ganham destaque, devido a técnica apurada e riqueza de detalhes étnicos e artísticos, cuja estética se assemelha àquela das vasilhas
de cerâmica em forma de animais, tendo de um lado do assento a cabeça e do outro a cauda da espécie.
Região: Calha Norte, AM, PA, RR, Guiana
População: 2502 no Brasil (Siasi/Sesai, 2014) e 170 na Guiana (Weparu Alemán, 2006)
Tronco Lingüístico: Karib
Principal padrão de bancos: zoomorfo, retangular, côncavo-ovalado
O maior grupo dos Waiwai (água-água) habita, por sua maioria, as regiões do norte e do oeste do Pará. A população também é com- posta por um conjunto de indivíduos de outras etnias que foram atraídas e contactadas por eles desde as décadas de 40 e 50.
Os Waiwai desenvolvem muitas atividades de subsistência como trabalhos relacionadas à agricultura, transporte, pesquisa e artesan- ato. Podemos destacar a produção de bancos de madeira, com seu formato distindo de canoa côncava, com os pés conectados e fura- dos no meio triangularmente. São esculpidos de um único bloco de madeira de espécies típicas da região e são finalizados com pigmentos a base de seivas vegetais e carvão. Costumam retratar grafismos étnicos do grupo e figuras representativas da fauna local.
Região: Pq Indígena do Xingu, MT
População: 880 (Siasi/Sesai, 2014)
Tronco Lingüístico: Juruna
Principal padrão de bancos: zoomorfo, cupular
Também conhecidos por serem exímios canoeiros, os Yudjá são antigos habitantes das ilhas e penínsulas do baixo e médio Xingu, um dos rios mais importantes da Amazônia meridional. De acordo com sua mitologia, existiam três céus que formavam com a terra um cosmo dotado de quatro andares.
Os Bancos em Madeira se fazem presentes no grupo e, mais que utilitários, remetem sua cultura, mitologia e seus padrões étnicos.
Os Yudjá tradicionalmente confeccionam seus Bancos de madeira com os desenhos e grafismos de sua pintura corporal, utilizando-se de tintas extraídas de seivas de árvores e frutos nativos como o jenipapo que, misturado com carvão, proporciona um pigmento
de cor preto- azulada.
Textos por Marcelo Ferreira
Fotos dos bancos Porangatu por Sérgio Guerini.